Mostrar mensagens com a etiqueta Dia Mundial da Música. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Dia Mundial da Música. Mostrar todas as mensagens

sábado, 1 de outubro de 2011

Requiem de Gabriel Fauré 18:30, Igreja de S. Francisco, Évora

Por ocasião das comemorações do dia Mundial da Música e do Idoso (1 de outubro), a Orquestra da Universidade de Évora e o Coro do departamento de Música interpretam Requiem, de Gabriel Fauré.




Gabriel Fauré (1845-1924) de origem francesa, compôs o seu Requiem em Rém, Op. 48, entre 1887 e 1890, sendo uma das suas obras mais conhecidas. Dos seus 7 movimentos destaca-se a beleza da famosa ária do soprano “Pie Jesu”.

A sua primeira apresentação pública, sob a direcção do seu compositor, foi em 1888, na Igreja... da Madalena, em Paris.

Em 1924, no funeral de Gabriel Fauré, o seu Requiem foi interpretado.

As palavras de Fauré sobre a sua obra:
“O meu Requiem, dizem-me, não exprime o temor da morte. Alguém o chamou de canção de embalar da morte. Mas é assim que sinto a morte: como uma libertação feliz, uma aspiração à felicidade no além, mais do que uma transição dolorosa…

O meu Requiem foi composto para nada… para o prazer, se ouso dizer. Talvez tenha assim, por instinto, procurado fugir aos convénios, já que há muito tempo acompanho ao órgão serviços de enterro! Disso já tive até à cabeça. Quis fazer algo diferente”.


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

1 de Outubro, Dia Mundial da Música

O Maestro Sacode a Batuta
O maestro sacode a batuta,
A lânguida e triste a música rompe ...

Lembra-me a minha infância, aquele dia
Em que eu brincava ao pé dum muro de quintal
Atirando-lhe com, uma bola que tinha dum lado
O deslizar dum cão verde, e do outro lado
Um cavalo azul a correr com um jockey amarelo ...

Prossegue a música, e eis na minha infância
De repente entre mim e o maestro, muro branco,
Vai e vem a bola, ora um cão verde,
Ora um cavalo azul com um jockey amarelo...

Todo o teatro é o meu quintal, a minha infância
Está em todos os lugares e a bola vem a tocar música,
Uma música triste e vaga que passeia no meu quintal
Vestida de cão verde tornando-se jockey amarelo...
(Tão rápida gira a bola entre mim e os músicos...)

Atiro-a de encontra à minha infância e ela
Atravessa o teatro todo que está aos meus pés
A brincar com um jockey amarelo e um cão verde
E um cavalo azul que aparece por cima do muro
Do meu quintal... E a música atira com bolas
À minha infância... E o muro do quintal é feito de gestos
De batuta e rotações confusas de cães verdes
E cavalos azuis e jockeys amarelos ...

Todo o teatro é um muro branco de música
Por onde um cão verde corre atrás de minha saudade
Da minha infância, cavalo azul com um jockey amarelo...

E dum lado para o outro, da direita para a esquerda,
Donde há árvores e entre os ramos ao pé da copa
Com orquestras a tocar música,
Para onde há filas de bolas na loja onde a comprei
E o homem da loja sorri entre as memórias da minha infância...

E a música cessa como um muro que desaba,
A bola rola pelo despenhadeiro dos meus sonhos interrompidos,
E do alto dum cavalo azul, o maestro, jockey amarelo tornando-se preto,
Agradece, pousando a batuta em cima da fuga dum muro,
E curva-se, sorrindo, com uma bola branca em cima da cabeça,
Bola branca que lhe desaparece pelas costas abaixo...

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"