«Publicado pela primeira vez na coletânea A Estrada de Santiago, em 1922, e com a novela A Mina de Diamantes, em 1958, no volume a que deu título, O Malhadinhas tornou-se uma das mais conhecidas obras de Aquilino Ribeiro. Redigida sob a forma de um monólogo, que tem por destinatário um grupo de ouvintes ("escrivães da vila e manatas", os "fidalgos"), em que se inclui o narrador, a obra conta-nos a história de um almocreve, o Malhadinhas, uma personagem rústica e grosseira, manhosa e sentimental, sem grandes escrúpulos mas com um sentido de justiça que o leva a usar a faca que traz à cinta, ou a língua, tão afiada quanto a faca, para corrigir todos os males.
Impondo, pela estratégia discursiva escolhida, um reforço da coloquialidade, com os seus ditos proverbiais, as suas inflexões idiomáticas, na construção da figura do Malhadinhas, regido na sua conduta pelos preceitos sagrados de honra e de palavra, por certa ambivalência religiosa cristã e demoníaca, e sugestivo orador na descrição sensível da paisagem ou evocação erótica da mulher, concentram-se alguns dos eixos temáticos fundamentais da obra de Aquilino.
Esta obra é considerada o modelo mais perfeito da novela picaresca em língua portuguesa, pelo casticismo da linguagem e pela evidência dos tipos.» in Infopédia.pt
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